UM PROCESSO DE RESGATE - A EXPLOSAO DA ALMA
Passamos períodos e jornadas, luas sem fim, acumulando angustias, mágoas, raiva, desamores...desilusões; Temos sentimentos destruídos, esperanças despedaçadas, e mesmo assim nos mantemos serenos diante do mundo, em frente a vida, soterrando tudo no núcleo de nossa ALMA; Acreditamos ingenuamente ter a força necessária para manter aprisionada essa massa de energia e com um sorriso morno, saudamos cada amanhecer.
Mas eis que todo ferro se corrói, toda pedra se desgasta ...e a jaula um dia se rompe, a força escapa avassaladora, destrói nossos mundos, aterroriza nossas realidades, deturpa nossos sentidos, rasga nosso mapa...liberta todos os nossos medos!!!
Sempre achando que somos detentores de nosso caminho, que somos guardiões de nossa própria felicidade, nos encontramos de peito aberto e com o coração exposto, com a alma estilhaçada em milhares de fragmentos...percebemos nesse ponto que a dor se acende, tua alma brilha incandescente anunciando uma explosão.
Fechamos os olhos, passando a caminhar cegos, a explosão de imagem nuclear, cria um vácuo ao nosso redor, consumindo todo oxigênio;Nos deixa com pouco mais do que precisamos para respirar, e sem a visão, caminhamos rumo a um abismo no vazio, sozinhos...guiados pelos sons dos entulhos aos nossos pés...sempre em frente.
Em âmbito a esse vácuo, nos damos conta de quanto havia a nossa volta, e não tínhamos o peso e as medidas, em quanto não apreciávamos as pequenas coisas que já não fazem parte de nossos dias... Revoltamos-nos ao notar que perdemos o direito de não dar valor; Em fúria, içamos velas na tempestade do rancor, buscamos culpados e de todas as formas lançamos bravura para nos metamorfosearmos de vitimas a algozes, porque assim, teremos uma motivação para seguir dentro desse vácuo obscuro de tanta luminosidade.
Desesperadamente corremos atrás de nossos valores, de nosso amor próprio, de nossos desejos... Mas nada encontramos remanescente, exceto ilusões, expectativas falsas... e oportunistas como corvos em nossos telhados, famintos pelas nossas lágrimas, na expectativa para deliciarem se com nossa carne, nosso coração...porque nesse momento não temos alma, visão, audição, tato... Somos puro vazio, e o vazio não pode ser combatido, ele só pode ser vencido se for preenchido.
Quando o vácuo de dispersa e finalmente cremos que nos reencontramos, agraciados mais uma vez com os sentidos, ouvimos, enxergamos... Percebemos o quanto fomos levada na direção oposta a que deveríamos ter ido desde o principio; Notamos o quanto fomos iludidos, enganados, não tão somente pelos corvos, mas por nosso próprio coração, pelos sons ao nosso redor...e agora se aproxima a sucção, que arrasta tudo de volta, nos rasgando a garganta e forçosamente nos faz engolir tudo que se afastou num único golpe!!! Temos que digerir os passos errados, os sentimentos errados... As falsas certezas de pactos efetuados com o espelho... as mentiras que contamos a nos mesmos antes de dormir...você nunca se enganou? Nunca fez promessa a si mesmo diante do espelho? Jamais tentou acreditar em algo que sabia jamais seria real... somos tolos.
Contudo, agora estamos cientes de tudo que se foi, daquilo que voltou...do que éramos antes, do que nos tornamos no processo, daquilo ainda que acreditamos que seria a evolução durante a mutação do vácuo e do que a sucção nos fez aceitar como parte de nós...resta no entanto aguardar a poeira baixar nesse momento, e enfim ver o que estará em cima da mesa, sob meus pés, dentro do meu coração...
Quem eu me tornei... quem estará diante de mim...que palavras e que línguas meus lábios pronunciarão de hoje em diante...onde estará minha fé...
Após uma explosão como essa, uma coisa é certa...estávamos na forma errada.
Agora o processo regenerativo nos levara ao EU mais verdadeiro, e mesmo que sangremos, nada pode ser melhor na vida de alguém do que se encontrar verdadeiramente quando a poeira baixar, de finalmente encontrar seus valores, suas medidas, e sua razão para estar vivo e não somente sobrevivendo cego, mas VIVENDO.
Todos deveríamos explodir uma vez há cada 10 anos no mínimo... e assim sofrermos a magia da reconstrução e vivermos continuamente varias multividas dentro de uma única existência.
Hora de me reconstruir...a poeira começa a baixar.
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Por Rodrigo Silva A. Granatyr (Krhom)